A origem da pesquisa

A necessidade de uma estratégia melhor

A maioria das pessoas começa investindo nas escolhas óbvias: blue chips como Vale e Petrobrás, bancos, empresas ligadas e energia elétrica e serviços essencias, salpicando com empresas que cresceram bastante e ganham destaque em sites de investimentos, como Magazine Luiza. Outros confiam nas análises das suas corretoras, ou em dicas de fóruns de investidores, ou até na informação do primo do cunhado do genro do vizinho que trabalhou na Ambev e falou que é o máximo. Outros, mais ressabiados, escolhem aplicar em fundos de investimento: pegam as tabelas disponíveis no site do banco ou da corretora, escolhem algo com nome bonito e que indique uma análise detalhada, dão uma olhada no rendimento passado - geralmente até 36 meses nessas tabelas - e entram de cabeça. E não há nada de errado com essas opções, desde que se tenha uma expectativa realista para esses planos: sem uma análise profunda de valor justo x valor negociado da ação, sem uma estratégia de alocação de capital ao longo do tempo, sem uma análise da consistência e da qualidade intrínseca das empresas e dos fundos, esse tipo de estratégia provavelmente vai perder dinheiro ou, no melhor dos casos, vai chegar perto de igualar os ganhos do próprio índice Ibovespa. Isso porque se até investidores profissionais e com dedicação exclusiva perdem consistentemente para índices passivos, imagine investidores casuais, com menos acesso a informações ou ferramentas e dividindo a atenção com um outro trabalho na maior parte do dia. Abaixo, uma seleção de notícias de diversos anos comparando a performance de fundos geridos por profissionais em comparação com o índice Bovespa; nem é necessário ler cada uma, os títulos das matérias já dizem tudo:

2016:

https://www.arenadopavini.com.br/fundos-na-arena/seis-fundos-de-acoes-superam-o-ibovespa-no-ano

https://www.infomoney.com.br/onde-investir/fundos-de-acoes-livres-perdem-para-fundos-passivos-em-2016/


2017:

https://epocanegocios.globo.com/Dinheiro/noticia/2017/11/epoca-negocios-4-em-cada-10-fundos-de-acoes-renderam-menos-do-que-o-ibovespa-em-2017.html


2018:

https://www.infomoney.com.br/onde-investir/apenas-4-em-cada-10-fundos-de-acoes-renderam-acima-do-ibovespa-em-2018/


2019:

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,carteiras-recomendadas-tem-ganho-abaixo-do-ibovespa-em-12-meses,70003118731


Com a minoria dos fundos em cada ano batendo o iBovespa, é fácil concluir que, no longo prazo, fica quase impossível superar o índice usando estratégias normais. Segundo o site https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/como-escolher-o-melhor-fundo-para-seguir-um-indice/ : "Um estudo da FGV-SP mostra que, embora “de maneira geral” os ETFs apresentem “rentabilidade superior às rentabilidades dos fundos indexados ao mesmo índice”, nem sempre seu retorno líquido fica em primeiro lugar em relação a seus pares. O levantamento da pesquisadora Elaine Cristina Borges e do professor William Eid Júnior, ambos do Centro de Estudos em Finanças da FGV-SP, comparou fundos indexados ao Ibovespa, ao IBrX e ao índice Small Caps aos seus respectivos ETFs nos últimos dois ou três anos.

O ETF BOVA11, que acompanha o índice Bovespa, ficou apenas em 10º lugar em rentabilidade em 2009, numa comparação com mais 19 fundos e o Ibovespa. Enquanto o 1º colocado rendeu 71,1% e o Ibovespa acumulou alta de 70,4%, a rentabilidade líquida do BOVA11 foi de 67,2%. Nos dois anos seguintes, porém, o BOVA11 apresentou a mais alta rentabilidade líquida de todos os fundos comparados, superando inclusive o Ibovespa: 1,9% em 2010, superando a queda de 1,1% do Ibovespa, e -18,2% em 2011, queda menor que a retração de 18,9% do Ibovespa." (grifamos)

Mesmo um grande selecionador de ações como Warren Buffet sabe como é difícil bater o mercado. Em 2017 ele ganhou uma aposta de 10 anos, em que apostou que dinheiro investido num fundo passivo superaria uma cesta de pelo menos 5 fundos ativos. E não foi uma vitória apertada: o S&P500, índice que o fundo passivo seguia, acumulou retornos de 85% no período, contra apenas 22% da cesta de fundos! A fonte, em inglês: https://www.fool.com/investing/2020/02/27/the-1-thing-warren-buffett-wont-do-with-berkshire.aspx

Em uma análise dos melhores retornos da década passada (https://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/redacao/2019/12/29/fundos-campeoes-da-decada-apostaram-em-empresa-promissora-e-contra-inflacao.htm), é interessante ver que muitas das melhores opções foram fundos multimercado e mesmo alguns de renda fixa; o melhor fundo de ações selecionou empresas pequenas mas promissoras - interessante notar que esses resultados mostram também a importância da exposição ao risco e, ao mesmo tempo, como é essencial ter uma carteira equilibrada, considerando os retornos estáveis no longo prazo da renda fixa e de papéis atrelados a outros índices, como inflação:

E, pra terminar o argumento, um demonstrativo de fundos que superaram o respectivo índice (em azul) versus os que tiveram retorno menor (laranja) utilizando um período de 15 anos:

No curto prazo esses dados corroboram as notícias linkadas mais acima; no longo prazo, com a diminuição do papel da sorte e da volatilidade aleatória, que podem distorcer dados de curto prazo, o retorno só vai piorando - detalhe para os mercados emergentes, em que o resultado foi o pior de todos no longo prazo, possivelmente por causa de maior volatilidade e incertezas.

Mas isso significa que é inútil tentar escolher ações com performance boa?

Não!

Voltando para a aposta de Warren Buffet, seria estranho pensar que um dos maiores investidores da história pensasse que a solução para lidar com o mercado é investir em fundos passivos e pronto. Mas a questão é que fundos ativos possuem outras desvantagens, como o alto custo de manutenção - que é repassado para o investidor; determinadas regras obrigatórias de alocação - criadas pelo órgão regulador ou pelo próprio fundo; falta de qualquer isenção de Imposto de Renda - o que é um fator importante para investidores pessoa física; além de gastos em marketing e outros fatores irrelevantes para aumentar seu lucro. Segundo o artigo, Buffet é a favor de selecionar ações ativamente para se ter um retorno maior, desde que se tenha o tempo, conhecimento e disciplina para fazê-lo corretamente. A maioria das pessoas não tem, então faz sentido que elas invistam em fundos passivos e se conformem com ganhos indexados aos índices padrão.

A importância de critérios objetivos

É obvio que eu não fiz o site só pra espalhar a notícia velha que é muito difícil bater o mercado. Eu fiz esse site porque encontrei uma estratégia boa, que resistiu a diversos testes históricos e mostrou que pode facilitar a minha vida de investidor. Voltando aos dois fatores essenciais: não basta saber que uma ação tem potencial para subir, é preciso saber que, entre as centenas listadas na Bovespa, você tem grandes chances de acertar a próxima Magalu; e não basta ter uma carteira de ações com potencial, é preciso saber como agir, quando comprar, quando esperar, quais ações manter de um ano para o outro.

Felizmente toda essa informação já existe por aí, já foi testada, inclusive em artigos científicos - e o que não foi testado pode ser, com um pouco de conhecimento em programação. O fator essencial para ter um plano claro e robusto é ter critérios objetivos. Warren Buffet é um grande investidor, mas ele usa diversas informações que estão fora de nosso alcance - informações internas das empresas e seus administradores, assim como as análises subjetivas e experiências dele mesmo e de seu parceiro Charlie Munger. Diversos outros investidores investem com base em opinião, instinto, experiência, e por esse motivo é difícil replicar seus resultados, por mais que existam livros que prometam tal feito... mas alguns encontros fortuitos me levaram a encontrar uma estratégia objetiva e a criar um algoritmo para testar e aplicar esse conhecimento na Bovespa e ver o resultado, fazer ajustes, testar de novo, até chegar a algumas conclusões bem interessantes.

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